'Incerteza, medo e saudade': família de refém mantido pelo Hamas relata esperança em meio à espera por libertação
Uma mulher segura um cartaz com imagens do refém Rom Braslavski em 29 de setembro de 2025 REUTERS/Ammar Awad Enquanto Israel se prepara para receber os reféns...

Uma mulher segura um cartaz com imagens do refém Rom Braslavski em 29 de setembro de 2025 REUTERS/Ammar Awad Enquanto Israel se prepara para receber os reféns mantidos pelo Hamas há mais de dois anos, a família de Rom Braslavski vive momentos de apreensão e expectativa. Segundo os familiares, cada dia tem sido marcado por incerteza, medo e saudade, enquanto aguardam notícias do jovem de 21 anos, que pode finalmente voltar para casa entre este domingo (12) e segunda-feira (13). ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Nascido em Jerusalém, Rom também é cidadão alemão. Ele foi sequestrado no dia 7 de outubro de 2023 enquanto trabalhava como segurança do Festival Nova. Segundo testemunhas, o jovem de 21 anos foi capturado pelo Hamas enquanto tentava ajudar outras pessoas. Em agosto, a Jihad Islâmica, movimento armado aliado do Hamas, publicou um vídeo no qual Rom aparece falando sob ameaça, muito debilitado e magro. "Temos vivido um período muito difícil e doloroso desde que Rom foi levado. Cada dia tem sido cheio de incerteza, medo e saudade. Apesar de tudo, tentamos permanecer fortes uns pelos outros, manter a fé e acreditar que um dia Rom retornará para casa", disse Adir Hagag, primo da vítima, ao g1. Após o anúncio do cessar-fogo, Hagag afirmou que a tem vivido um otimismo cauteloso. Segundo ele, a família aprendeu a não comemorar "cedo demais", mas tem mantido as esperanças. “Se a libertação realmente acontecer, será o início de um novo capítulo de cura e reconstrução após meses de dor inimaginável. O retorno dele significará vida novamente, não apenas para ele, mas para toda a família”, disse. “Quando finalmente o virmos, palavras talvez nem sejam necessárias. Um simples abraço dirá tudo: ‘bem-vindo de volta para casa’”, afirmou. Ao todo, 48 pessoas seguem em poder do Hamas, sendo que 20 estão vivas. Pelo acordo de paz aprovado na quarta-feira (8), o grupo tem até às 6h de segunda-feira, pelo horário de Brasília, para libertá-los. Ainda não está claro como será a operação de entrega dos reféns. Nas duas últimas tréguas da guerra, quando o Hamas libertou apenas parte dos sequestrados, as vítimas foram deixadas com a Cruz Vermelha e, depois, levadas a Israel por militares. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou acreditar que as vítimas retornarão a Israel na segunda-feira, mas há possibilidade de que alguns sobreviventes sejam libertados neste domingo. A principal dúvida está em relação aos corpos dos reféns que morreram. O Hamas diz não saber onde estão os restos mortais e pediu mais tempo para concluir a operação. Segundo a imprensa israelense, oito corpos seguem desaparecidos. Para resolver esse impasse, a Turquia criou uma força-tarefa com apoio de Israel, Estados Unidos, Catar e Egito para localizar os corpos em diferentes áreas da Faixa de Gaza. No sábado (11), familiares e israelenses participaram de ações em uma praça dedicada aos reféns, em Tel Aviv. No dia do anúncio do cessar-fogo, Einav Zaugauker, mãe de um refém, foi até o local para comemorar. “O que eu vou dizer para ele? O que vou fazer? Abraçar e beijar”, disse sobre o reencontro com o filho. “Só quero dizer que o amo, só isso. E ver os olhos dele se encontrarem com os meus... Vai ser demais, um alívio.” ▶️ A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando o grupo lançou um ataque que matou mais de 1.200 pessoas e sequestrou outras 251. Desde então, mais de 67 mil palestinos morreram em Gaza, segundo dados de autoridades ligadas ao Hamas. LEIA TAMBÉM Desarmamento, governo em Gaza e presença militar: as questões em aberto do acordo de paz entre Israel e Hamas Libertação de reféns do Hamas gera apreensão e tem logística complexa, explica historiador em Israel Quem são os 20 reféns israelenses em poder do Hamas que devem ser libertados após cessar-fogo O acordo Entenda como a guerra em Gaza mudou o jogo de poder no Oriente Médio O plano de paz assinado por Israel e Hamas foi apresentado no fim de setembro por Trump e negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. Veja alguns pontos a seguir. 🟢 Reféns: Segundo Israel, o Hamas ainda mantém 48 dos 251 sequestrados no ataque terrorista em 2023. As demais vítimas foram libertas durante a vigência de outros dois acordos de cessar-fogo ou por meio de operações militares israelenses. A proposta apresentada pelos Estados Unidos determina que o Hamas tem até 72 horas para libertar todos os reféns, vivos ou mortos, após o início do cessar-fogo. Em troca, a expectativa é que Israel liberte quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua. Israel estima que, dos 48 reféns, apenas 20 estejam vivos. 💥 Ataques em Gaza: O plano prevê o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza. Segundo Trump, as Forças de Defesa de Israel irão recuar para linhas acordadas com o Hamas, o que indica que tropas ainda permanecerão no território palestino. O plano divulgado pela Casa Branca no fim de setembro prevê uma retirada gradual das tropas do território palestino. Logo após o anúncio do cessar-fogo, as forças israelenses recuaram para uma linha acordada com o Hamas. Com isso, Israel diminuiu a área de ocupação em Gaza de 75% para 53%. O chefe do Estado-Maior de Israel instruiu as tropas a se prepararem para todos os cenários e para a operação de retorno dos reféns. Infográfico mostra recuo das tropas de Israel em Gaza. Arte/g1 🔎 O que falta esclarecer: Apesar do início do cessar-fogo, vários detalhes do plano de paz ainda não foram divulgados. Segundo o presidente Trump, outras fases do acordo estão em negociação. Ainda não se sabe como serão as próximas etapas. Também não está claro como será a transição de governo na Faixa de Gaza, proposta pela Casa Branca. Além disso, não há confirmação de que o Hamas tenha se comprometido a entregar suas armas. O grupo terrorista tem indicado que não concorda com a ideia. O Hamas disse também que não vai acertar uma tutela estrangeira na governança de Gaza, algo previsto no plano dos Estados Unidos. VÍDEOS: em alta no g1 Veja os vídeos que estão em alta no g1